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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Havemos de ficar quites

Às vezes é preciso desatar os atacadores, correr a meia maratona e cair quando estamos a chegar à meta. Deixarmo-nos no chão, vermos os restantes corredores passarem-nos à frente e perdermos o lugar no pódio, para que percebamos que tudo aquilo seria escusado, se tivéssemos dado mais um nó nos cordéis que nos agarram as sapatilhas. Passam por nós e fingem que não nos vêem, dão o jeito de passar por cima, espezinham-nos, soam gargalhadas irónicas e damos-lhes a ousadia de nos verem desistir ao fim do percurso. O amor é quase como o desporto, a diferença é que não se ultrapassa tudo para juntarmos mais uma medalha ao currículo, mas sim para beneficiarmos do que podemos receber de uma relação. É preciso deixarmos que a chamada seja desligada após fazer 1h e que aprendamos a não receber o silêncio como sendo orgulho. Podemos rasgar as camisolas mais caras, apagar as mensagens que nos ocuparam os rascunhos durante meses, partir o que demorou tempo a construir, festejar pela nossa equipa ter perdido o jogo, fumar nas zonas dos não fumadores ou até mesmo errar o que sabemos num teste. O que não podemos é deixar que uma caixa de comprimidos nos deixem pendurados no serviço das urgências, aceitar que não nos mentiram, mas que nos omitiram factos. Viver um amor que morreu muito antes de nos apercebermos e implorarmos o perdão quando não somos os culpados.