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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Fomos teatro.

Sempre foste a protagonista das tuas próprias cenas, eras exclusiva da tua própria encenação. Conquistaste plateias, atingiste audiências e contracenaste com a tua própria mentira. Divulgaste o teu verídico, mas só encaraste o fictício. Foste a estrela da nossa peça, foste a dramaturga na nossa história. Fizeste as tuas adaptações, não passaste de uma farsa. Só foi concretizado um acto, só houve uma acção importante, refiro-me à nossa despedida tão aguardada por tantos. As restantes personagens que se encontravam nos camarins, já esperam o fim deste texto dramático. Não permitiste ensaios, foi em directo, com a presença de quem quis, e por fim, foram-te dados os tão merecidos aplausos. Os adereços ficaram de parte. Demoraste horas a decorar o texto, os argumentos pouco convincentes que nunca aceitei. Muitos foram os apartes, dizias ser a actriz do papel principal, mas caíste, era previsível. Nem tivemos direito a um encenador, se calhar, por isso, é que as coisas não correram como previsto. Possuíste o que queiras, os bilhetes esgotaram-se. Foi exclusivo, como nós, não haverá mais ninguém. Quando voltares a estar em palco, não me peças para ser figurante do teu ridículo. Quando voltares a pisar o teu sonho, lembra-te que fui eu quem te ajudei a que estejas a fazê-lo mais uma vez.