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sexta-feira, 18 de março de 2011

Parabéns, pai


E se há um ano escrevi os motivos pelos quais continuava a teu lado depois de tudo, hoje tento escrever o que quero que percebas, as sequências que trazes à minha passagem por isto e as datas que fazes marcar no meu coração, nomeadamente, todos os dias do ano. Datas essas infantis e absurdas, vindas de alguém com capacidades mentais limitadas. Um alguém incapacitado e errante nas decisões que toma, nos erros complexos que carrega sem dar conta. Essa negligência foi repetida demais, no entanto, ainda não caíste em erro. Sempre podemos falar das culpas que tentas e chegas a conseguir que carregue, das tretas de felicidade que não tens e do dinheiro que está acima da vida que criaste neste últimos anos. Quando ambos tomámos consciências da nossa mudança, já íamos tarde demais para remediar o que quer que fosse. A diferença é que conquistámos mudanças diferenças. Não escolhei os vícios pouco saudáveis e a fuga no meu papel perante a vida, não esqueci que tenho responsabilidades e que, como tal, devo ponderações. Nunca esperei que te prontificasses à minha vida, mas esperava, pelo menos, que contribuísses com o pouco que te resta. Se é que se pode chamar de restos ao que falo. Não me agradeças pelas verdades que não te digo, pela presença que ainda faço na tua vida e por parcialmente tolerar a humilhação que passo e o que ouço à custa da tua infantilidade. Nunca foste fácil, é certo. O meu sentimento por ti ainda cá está, mesmo que pouco mereças. Antes de seres quem és, marcaste a minha vida pela positiva, lutaste por mim e evitaste muito sofrimento. Parece que agora me estás a compensar por isso, a compensar pelo lado inverso. Não tenho saudades tuas, porque ainda cá estás, uma pessoa diferente, mas estás cá. Talvez um dia leias isto, se tal acontecer, é porque desisti de nós e já não estarei ao teu lado. E se há um ano acabei o texto com um amo-te, estou aqui para tudo, então este ano digo-te; não te peço que sintas o mesmo que sinto por ti, não te peço que me ames, peço-te que me respeites e que não me faças ouvir o que não mereço. Apesar de nem te teres dignado a procurar a tua filha, espero que tenhas tido um grande dia, como talvez ainda mereças.