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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Para ti, avô.

Merecias bem mais que um destino fatal e que uma vida sem volta. Essa barreira que o tempo te criou entre o coração e a consciência foi o motivo pelo qual foste o que somos. Há quem falhe por erros e há quem deixe falhas nos que erram. Tu motivaste os errantes a não desistirem de tentar, os cruéis a não falharem e os moribundos a deixarem de ser escravos da boa sorte. O teu carácter é a regra da boa acção, do exemplo de homem e de avô para qualquer humanidade e para qual neta. Todas as marcas que registaste em mim são as cicatrizes saudáveis que carrego no íntimo, onde só chegam os que fazem por merecer. Cicatrizes que não ceram, porque se alimentam das boas memórias que deixaste em terra. Nesse mundo a que pertences, não há pecadores, nem julgados. Aí, onde as trevas não têm lugar, é a residência que te pertence há quatro meses, e é também mais uma das tantas barreiras criadas pelo tempo. Só as saudades trouxeram o valor que mereces, a consideração que sempre te pertenceu e a força que só tu mostraste ter. Amo-te muito, avô. Por teres sido avô e pai, por me teres dado tudo enquanto o resto não me era nada. Como sei que não voltas, digo-te que um dia espero ir ter contigo. Apesar de longe, estás perto. Até ao resto da minha vida, para sempre.